Trump envia chefe de sanções ao Brasil; Moraes pode ser alvo?
O governo dos EUA, agora sob Donald Trump novamente, está enviando ao Brasil um de seus principais nomes na área de sanções internacionais. David Gamble, chefe interino do setor no Departamento de Estado, chega ao país nesta segunda (5).
É a primeira visita oficial de um representante do governo Trump ao Brasil desde a posse, em janeiro de 2025, e acontece em meio a relações frias entre os dois países.
Por que ele está vindo?
Segundo a Embaixada dos EUA, Gamble vem para tratar de sanções contra organizações criminosas transnacionais, terrorismo e tráfico de drogas. No entanto, nenhum órgão do governo brasileiro confirmou reuniões com ele — nem o Ministério da Justiça, nem o Itamaraty, nem a Presidência.
Já membros da oposição, como os filhos de Jair Bolsonaro, disseram que Gamble deve se reunir com eles. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, afirmou que o diplomata encontrará Jair e Flávio Bolsonaro.
Alexandre de Moraes na mira?
A visita levantou especulações: será que há planos para aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF? Isso porque Moraes é alvo frequente de críticas da direita e de aliados de Trump nos EUA, como Eduardo Bolsonaro.
Eduardo chegou a sugerir nas redes sociais que Moraes pode ser punido por "violar direitos humanos", e defende que ele sofra sanções como as da OFAC, um braço do Tesouro americano que congela bens e impede viagens.
Em fevereiro, a empresa de mídia de Trump processou Moraes nos EUA por decisões que bloquearam a plataforma Rumble no Brasil. O caso virou símbolo da campanha da direita brasileira e americana contra o ministro.
O que está por trás disso tudo?
A relação entre Lula e Trump é distante e marcada por desconfiança. Lula apoiou a adversária de Trump nas eleições de 2024; já Trump sempre defendeu Bolsonaro. Desde a nova posse de Trump, não houve sequer uma ligação entre os dois presidentes.
O clima piorou após Trump impor tarifas a produtos brasileiros, o que irritou o Planalto. Lula ameaçou retaliação, mas até agora não agiu.
Enquanto isso, a direita brasileira tenta se aproximar do novo governo americano, e vê na visita de Gamble uma chance de fortalecer essa conexão — e pressionar contra decisões do STF, especialmente as que afetam Bolsonaro.