Um relatório das organizações Fern e Rainforest Foundation Norway, apresentado no Fórum da OCDE sobre impactos da mineração, aponta que a UE precisará de mais de 20 milhões de toneladas anuais de minerais críticos até 2050 para cumprir o Pacto Verde Europeu. A extração de lítio, níquel, cobalto e outros minérios, essenciais para baterias de EVs, exige supressão de áreas florestais com vegetação acima de 5 metros.

Atualmente, baterias movidas a lítio, níquel e cobalto (NMC 811) dominam o mercado europeu e, caso esse fator se mantenha, serão desmatados 118 mil hectares ao redor do mundo – o que significa devastação de 18 campos de futebol por dia – para extrair apenas esses três metais pelos próximos 25 anos.

O estudo projetou três cenários de desmatamento global até 2050, variando conforme a tecnologia das baterias. No primeiro, com modelos diversos de EVs, a Indonésia lidera o desmatamento (42%), seguida pelo Brasil (18%). No segundo, com todas as baterias do tipo NMC 811, a Indonésia concentra 63% da perda florestal, e o Brasil, 11%. No terceiro cenário, com baterias LFP (lítio, ferro e fosfato), o Brasil assume o topo (36%), enquanto a Indonésia não tem impacto relevante.

Mais de 54% dos minérios necessários estão em territórios indígenas ou próximos a eles. Incluindo comunidades agrícolas familiares, o índice sobe para 70%. A Europa, porém, responde por menos de 1% do desmatamento global gerado por essa mineração.

Os pesquisadores destacam que tecnologias alternativas de baterias, combinadas com mudanças nos hábitos de mobilidade (como caronas e veículos compartilhados), poderiam reduzir a demanda por minérios. Em um cenário otimizado, o desmatamento global cairia de 120 mil para 20 mil hectares.