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Ex-assessora denuncia suposto desvio de bens públicos para igreja ligada à família Rosim em Bauru

Ex-assessora denuncia suposto desvio de bens públicos para igreja ligada à família Rosim em Bauru

Damaris Pavan, ex-comissionada da prefeita Suéllen Rosim, acusa membros do governo de transferirem eletrodomésticos e cestas básicas para entidades controladas por familiares da chefe do Executivo. Prefeitura nega e promete medidas legais.

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Uma grave denúncia agitou os bastidores da política em Bauru nesta quinta-feira (15). Em entrevista coletiva concedida a veículos de imprensa local, a ex-assessora comissionada Damaris Nunes de Faria Pavan revelou ter participado de supostos desvios de bens públicos — doados à Prefeitura — para uso em entidades ligadas à família da prefeita Suéllen Rosim (PSD).

Segundo Damaris, os objetos desviados incluíam eletrodomésticos como freezer, máquina de lavar louças, aspirador de pó e televisores, que teriam sido levados à antiga sede da igreja Ministério Produtores da Esperança (Mipe), liderada por familiares da prefeita. Os itens teriam sido doados originalmente pela Polícia Civil à Prefeitura após apreensões.

A ex-servidora afirma que realizou a entrega pessoalmente, em 21 de março de 2022, após contratar um carreto para retirada dos bens de um depósito no térreo do Palácio das Cerejeiras, sede da administração municipal. “Levei tudo acreditando que seria para um projeto social”, disse. Segundo ela, o motorista que a acompanhou, identificado como Moacir, já faleceu.

Ela apresentou à imprensa capturas de tela de mensagens trocadas com Lúcia Rosim, mãe da prefeita, nas quais discutem a entrega dos objetos e o endereço de destino. Damaris diz que, no local, foi recebida por Dozimar Rosim, pai de Suéllen, e uma mulher chamada “Marcinha”, apontada como integrante da família.

Cestas básicas a caminho de escola de futebol

As denúncias também atingem a distribuição de cestas básicas. Damaris afirmou que recebeu ordens da então presidente do Fundo Social, Lúcia Rosim, para entregar alimentos diretamente a um veículo estacionado em frente à Prefeitura. Segundo a ex-assessora, as cestas teriam como destino o Bauru Esporte Clube, escola de futebol comandada por Dozimar Rosim.

“Ela dizia que era para meninos que vinham de fora e precisavam se alimentar”, contou Damaris.

Ela ainda mencionou uma segunda igreja — ligada a Elisângela Cardoso, braço-direito da prefeita e ex-presidente do Fundo Social — como beneficiária de objetos como mesas, monitores e equipamento de som. Em prints exibidos, Elisângela teria solicitado ajuda para transportar os materiais, dizendo que “a igreja está precisando”.

Reação da Prefeitura: “acusações levianas”

Em nota oficial, a Prefeitura de Bauru reagiu de forma dura. A administração classificou as denúncias como “levianas” e “sem qualquer credibilidade”, além de sugerir motivação pessoal por parte de Damaris.

“Fica evidente o tom vingativo e ressentido de alguém que foi demitida por não atender aos critérios exigidos para cargos comissionados”, diz o texto. A nota ainda afirma que "medidas cabíveis serão adotadas".

Reunião com a prefeita e ameaça de denúncia

A ex-assessora revelou ter levado os fatos diretamente à prefeita Suéllen Rosim durante uma reunião em 2023. Segundo Damaris, a chefe do Executivo teria prometido acionar a Polícia, mas recuou. “Disse que o freezer já estava voltando. Achei que quiseram abafar”, declarou.

Já no início de maio, Damaris tentou retornar ao governo e buscar novo cargo, mas foi informada de sua demissão por não possuir diploma superior. Pouco depois, enviou um áudio a Lúcia Rosim com tom ameaçador:
“Vou fazer vocês pagarem por cada lágrima que me fizeram derramar.”

Relação antiga com a família Rosim

Damaris afirmou que conhece a prefeita desde 2016, quando Suéllen ainda atuava como repórter. Em 2021, foi nomeada comissionada logo após a posse da atual gestão. Passou por diversas funções, incluindo gabinete, Emdurb e Secretaria de Serviços Urbanos.

Ela também contou que, antes da nomeação, Lúcia e Suéllen frequentavam gratuitamente seu antigo salão de beleza. “Elas faziam as unhas de graça”, relatou.


?? Entenda o caso:

  • Data dos supostos desvios: Março e abril de 2022

  • Bens envolvidos: Eletrodomésticos, cestas básicas, mesas e monitores

  • Destinos apontados: Igreja Mipe, Bauru Esporte Clube e outra igreja evangélica

  • Acusações atingem: Lúcia Rosim, Dozimar Rosim, Elisângela Cardoso

  • Reação da Prefeitura: Nega tudo e promete medidas judiciais

 

*Da redação: Info Botucatu

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